** Sugestão Lista do Spotify da Alemanha(aqui)
A Alemanha é um país está localizado no "coração da Europa" e faz parte do roteiro da "Eurotrip" de várias pessoas. Um país de pujança econômica e com muita história, especialmente ligada as Guerras Mundiais. Além disto, a Alemanha também o país da Cerveja e o Oktoberfest. Agora ficou interessante né?
#Pracegover: Foto do Portão de Brademburgo em Berlim. Com marca d'água da bandeira da Alemanha.
ENTRADA NO PAÍS:
Antes de pegar sua caneca de cerveja e mala para ir para Alemanha, é bom verificar a documentação exigida para conhecer o país. No caso da Alemanha, não tem muita dificuldade. Para brasileiras(os) que desejam conhecer o país como turistas é necessário apenas o passaporte válido. Não é exigido visto, nem certificado de vacina internacional.
A ALEMANHA DO RAFAEL
Vamos conhecer a Alemanha, por meio do olhar do Raphael Fassoni, um brasileiro que já morou na Alemanha. "Estive no país em dois períodos, 1 ano de março de 2012 a março de 2013, quando fiz intercâmbio na faculdade. Morei na cidade de Dresden. Depois passei um tempo em Hannover de 4 meses, alguns anos depois, por conta do trabalho", conta.
Raphael comentou que sempre teve admiração e curiosidade pelos valores, história e cultura da Alemanha. "Enxergava como uma experiência que seria estratégica pela minha carreira. Sou formado em Relações Internacionais, uma graduação que tem várias opções e é preciso escolher algo e focar. Eu tinha minhas premissas de setor privado e multinacional. Entendia que a Alemanha era um lugar pouco explorado nesse sentido. Muita gente ia para outros países, ficava no inglês e espanhol. Assim, eu vi que a experiência na Alemanha e falar alemão como um diferencial", explica.
#Pracegover: Homem no canto esquerdo de pé (Raphael) ao lado de uma placa grande com um mapa da Universidade de Dresden
O brasileiro acabou gostando muito do país e cogita uma volta para a Alemanha. "Pretendo voltar, em algum momento da minha vida. Sou apaixonado por Berlim. Pela parte cultural e modo de vida que as pessoas levam. Atualmente, trabalho com tecnologia e isso lá é bem aquecido. Lugar com muita gente jovem, vida noturna bem movimentada, lembra um pouco SP que é uma cidade que gosto muito. Quero viver aquilo. Já fui pra lá umas 10 vezes, cada vez tive uma experiência diferente, marcante e transformador. É um negócio de outro mundo. Talvez, por ser uma cidade tão rica e cultura e população diversa, com pessoas do mundo inteiro. Eles absorvem muito mais informações e aproveitam melhor as oportunidades dessa forma", ressalta.
#Pracegover: Homem de pé no centro da foto. Atrás o portão de brandemburgo em Berlim.
CIDADES VISITADAS:
Além, de Dresden e Hannover (onde morou) e Berlim, Raphael conheceu várias outras cidades do país. "Vou falar as cidades maiores que conheci, Hamburgo (foto abaixo), Frankfurt, Munique, Colônia, Stutgart e Liepzig. Isso sem contar algumas cidades menores", enumerou.
"Cada cidade tem suas especificidades. Frankfurt é um pólo financeiro, Hamburgo é muito forte na parte portuária e comércio. Munique é mais puxado para o ensino, industria, além de ser um polo tecnológico, automobilístico. Já no oeste, por exemplo em Colonia, o setor econômico mais forte é a parte de serviços. Berlim multifacetado, tem de tudo é muito forte na questão de tecnologia e start ups", complementou Raphael.
#Pracegover: foto. De pé no centro da Foto Raphael. Atrás prédio de 3 andares, com uma torre no meio. Vários pedestres caminhando pela foto.
O brasileiro destaca que a Alemanha possui roteiros turísticos para todos os gostos e estilos de pessoas. "Tem rota romântica, algo mais na pegada de mochileiros, roteiro para pessoas mais novas, para pessoas idosas lugares como spas e resorts. Tem opções para todos os públicos. Por exemplo, a rota romântica passa pela região da Baviera, passando por várias cidades, entre elas Nuremberg, além da famosa Floresta Negra. Eu não fui, mas é super bem comentado. Bastante romântico", definiu.
Já para as pessoas que procuram relaxar, existem muitos resorts, locais que oferecem banhos terapêuticos, além de lagos. "Existe uma cultura na Alemanha do Freikörperkultur (FKK), que é a cultura do corpo livre. Basicamente é uma alusão ao nudismo. É algo muito forte na Alemanha, e as pessoas praticam muito isso em algumas regiões de lagos também", comentou o brasileiro. Mas, o local que Raphael destaca que é indispensável conhecer é Berlim. "Bom, também tem o Oktoberfest, que você pode se programar para vir na época do festival. Além disto, na Alemanha tem muitos festivais de rock. Em várias cidades, inclusive em cidades bem pequenas. Esses eventos vale muito a pena conhecer. São muito comuns e bem interessante", sugeriu.
#Pracegover: Foto. Um palco com uma banda tocando, Em baixo faixas com escritas em alemão.
ESTRUTURA TURÍSTICA:
A Alemanha recebe muitos turistas em várias regiões e é bem estruturado. "É fácil de se locomover de todas as formas, de avião, trem, carona. Locais para hospedagem é muito tranquilo. As menores cidades, às vezes, você só encontra estabelecimentos com informações em alemão. Porém, no geral é muito fácil de conhecer o país", concluiu o brasileiro.
COSTUMES
Muito detalhista e atencioso, nosso entrevistado reparou em diversos costumes diferentes dos alemães e contou alguns para nós. Veja a lista com os comentários do Raphael.
Alemão não anda de tênis dentro de casa. "Existe um espaço dedicado a calçados, portanto, você precisa andar de meia dentro de casas e apartamentos. Lá não tem piso de azulejo igual aqui que é frio, a maioria tem carpete, ou é chão de madeira. O que fica mais fácil para andar de meia ou descalço", explicou.
PONTUALIDADE: "Tudo gira em um grau de precisão bem milimétrico. A coisa flui muito bem. Se você marcar alguma coisa, por exemplo para as 8h32 e chegar as 8h35, eles vão estranhar porque você não chegou no horário. O trem, as vezes, tem horário marcado quebrado, como 5h33 e ele passa exatamente neste horário. No começo, eu sentia falta da flexibilidade brasileira. Porém, na Alemanha vida é menos agitada e mais organizada, fica mais fácil de você se programar e cumprir horários.
PAÍS SILENCIOSO: "Não existe motos barulhentas. Carros não fazem barulho. As pessoas não falam alto como o brasileiro em geral. Você ouve o som do vento em pontos mais calmos inclusive. Muito tranquilo."
CULINÁRIA FRACA: " Para mim a culinária alemã não é tão boa comparada a nossa, ou a italiana e portuguesa mesmo. Porém, não tem como não comer kebab, os lugares que vendem ficam aberto até tarde. Além disto, tem o Shinitizel (empanado de porco com batata frita).
VIDA DE ESTUDANTE - "Os estudantes tem o hábito de não fazer estágio nos primeiros anos, eles usufruem da vida acadêmica 200%. Vão na biblioteca direto. Tem uma estrutura absurda que facilita e incentiva. Sempre estão lendo, até em pé no ônibus. Nível muito alto de conhecimento e entendimento dos assuntos debatidos em sala de aula.
INICIO TARDIO NO MERCADO DE TRABALHO. "Estudante, as vezes, começa a carreira com 26/27 anos. Primeiro vai estudar, vai fazer trabalho voluntário, se jogar no mundo, para depois entrar no mercado de trabalho mais tarde, porém mais preparado".
OBJETIVIDADE NO TRABALHO. "O alemão está lá para fazer da melhor maneira e dar resultado. Bem menos sociáveis, chegou, cumprimenta e foca no trabalho. Raramente saem para almoçar, comem no próprio escritório. As vezes, 3 ou 4 da tarde, e sexta-feira depois das 14h geral já encerra o expediente. Desmistifica um pouco o fato de ser produtivo x estar ocupado. Eles fazem o trabalho no mínimo de tempo. Normalmente, primeiro emprego tem uma remuneração boa."
WANDERLUST: "Eles tem o hábito de guardar grana para viajar. Depois de 5 ou 6 anos é comum fazer ano sabático e fazer start up. Wanderlust é real."
#Pracegover foto de Berlim. No canto esquerdo catedral de berlim. No canto direito Torre. No meio uma avenida com luzes de carro. No canto superior direito um quadro escrito "Wanderlust é uma palavra em alemão que significa "um desejo intrínseco e profundo de viajar'
BEBIDA - O PAÍS DA CERVEJA
O brasileiro destaca que a cerveja é presente em todos os cantos do país. Porém, no leste da Alemanha também é muito forte os licores de cereja e menta. "Além da cerveja, uma bebida muito popular, principalmente entre os jovens é um negócio chamado Club matte (bebida oficial dos hippster - chá gelado). Galera anda com isso na mochila e toma. É tipo um energético", explicou.
"Agora a cerveja é muito típica. Tem infinitas cervejarias visitar e fazer tour, normalmente de graça. De todos os tipos.
Vende no cinema, no estádio, no restaurante da faculdade, em todos os lugares. Para quem gosta da bebida, pode conhecer também mais da História das cervejas. É algo bem mais tranquilo que no Brasil. Lá não é mal visto, como algumas vezes rola no Brasil. Outra coisa, é lenda isso de que eles só bebem cerveja quente. Eles bebem em temperatura ambiente, normal. Como lá é mais frio, não tem tanto o costume de gelar assim tanto a cerveja. Porém, não é que ela seja quente", frisou.
#Pracegover: Foto. Rafael com um copo de cerveja na sua mão.
O QUE MAIS GOSTOU?
Entre as coisas que mais gostou no país, Raphael aponta 4 coisas: A população, as cervejas, Berlim e a facilidade de locomoção. " Eles são acolhedores e receptivos. Tem a mística do povo alemão ser frio. Mas, não é bem verdade. Principalmente, a população mais jovem. Eles são super abertos e adoram o Brasil. Inclusive, você valoriza mais o seu país, por conta da admiração deles".
"A facilidade de se locomover também é algo a se exaltar. Tanto dentro das cidades ou entre as cidades. Existem linhas de trem que cruza o país inteiro. O sistema de caronas é muito bom e facilita para conhecer vários lugares do país. São vários meios de qualidade e acessíveis que facilitam seu deslocamento. Seja de bonde, trem, avião ou qualquer outro modal é muito fácil de se locomover na Alemanha inteira. Isso dá uma sensação de liberdade e a possibilidade sempre fazer a uma coisa nova e diferente", conluiu.
#Pracegover: Foto. Estação de bonde. Na esquerda plataforma, com um homem esperando a chegada do bonde. No centro bonde chegando. Do lado direito alguns prédios.
DICAS DO RAPHAEL
COMPRE O TICKET DO METRÔ E VALIDE. Se você for em alguma cidade que não tenha catraca no trem ou metrô, não deixe de comprar o ticket. "As vezes, o brasileiro tem o pensamento de não tem catraca é livre. Ou não vou comprar o ticket mesmo. Não faça isso! É necessário comprar e validar. Tem validade de dia, semana, hora. Esse foi um negócio que me chamou muito a atenção. Existe uma consciência social de que se você está usando tem de pagar, por isso todos compram o ticket e validam, normalmente. Além disto, tem a parte da fiscalização. De repente um dos passageiros a paisana (pode ser qualquer pessoa, um jovem ou uma senhora idosa) levanta e começa a pedir o ticket de todo mundo. Você não consegue saber quem é a pessoa que faz o controle. É aleatório e acontece em qualquer horário, de manhã, no meio da tarde ou até na madrugada", informou.
EVITE COMPRAS GRANDES: É costume dos alemães fazerem compras pequenas. Não existe este negócio de "compra do mês. Então, é difícil formar filas grandes. "Eles não usam muito carrinho de compra. Então, se você for e fizer uma compra grande e deixar as pessoas esperando na fila, você começa a ser fuzilado com os olhos. Já que a maioria das pessoas estão com 2 produtos na mão, e você segurando a fila", comentou.
NÃO LEVE ROUPA DE FRIO: Melhor compra roupas na Alemanha. As roupas de frio são baratas e bem melhores que a nossa.
LEVE COISAS TÍPICAS DO BRASIL: Cachaça, doces típicos, paçoca, goiabada. Até mesmo havaianas, lá são muito caras. Eles gostam muito das coisas do Brasil. Oferecer essas coisas para os alemães, ou para seu anfitrião é uma ótima maneira de iniciar um bom relacionamento.
LEVE CARTÃO, VTM (Travel Money) e em ESPÉCIE: Fazer uma mescla de formas de pagamento é a melhor maneira de evitar problemas e conseguir fazer suas compras tranquilo.
SEJA BRASILEIRO, MAS VIVA UM POUCO COMO ALEMÃO: É interessante fazer um verdadeiro intercâmbio, mostrar um pouco da nossa cultura. Porém, absorver a cultura deles também e o modo de vida. Assim, você aproveita melhor a experiência.
ALUGAR CARRO: É fácil, sem problemas. Porém, o trânsito em si e a forma de dirigir é um capítulo a parte. Quando ele freia, praticamente ele desliga. Quando acelera ele volta. "No começo você fica tentando ligar, pensa que o carro morreu", comentou o brasileiro.
PLACAS DE TRÂNSITO: Também são bem diferentes. Principalmente na estrada você pode ter uma certa dificuldade de entender. A melhor forma de entender algumas é notar o comportamento dos demais carros. "As estradas são ótimas, tem carros que vão a 240 km/h. Você nem sente que está dirigindo", lembra.
#Pracegover: Placas de trânsito da Alemanha, com o significado embaixo em português.
QUESTÕES SOCIAIS
Veja as observações que o brasileiro fez sobre algumas questões sociais na Alemanha:
ACESSIBILIDADE: "Confesso que não foi algo que reparei tanto. Porém, observei que tinha guia rebaixada, marcações na calçada para pessoas com deficiência visual, assim como o semáforo. Em resumo, eu diria que pelo menos o básico para garantir a acessibilidade a Alemanha oferece", resumiu.
ALEMANHA X OUTRAS NAÇÕES: "Eles são bem tranquilos, não tem problemas com outras nações. Gostam muito de nós, brasileiros. Existe algumas situações de mal estar, às vezes, por conta da Guerra. Por exemplo, alguém perdeu um avô ou alguém na guerra por conta de algum ataque de outra nação. Aí, as vezes tem algum sentimento de distanciamento. Mas, nada muito forte. Eles tem uma grande proximidade com espanhol. Principalmente, com Mallorca. Até brincam dizendo que já faz parte da Alemanha, de tanto que eles viajam para lá. Eles tem um certo distanciamento com inglês. E com os holandeses eles tem piadas, igual o Brasil tem com Portugal".
PRECONCEITOS: "Ainda existe uma ala de direita muito forte. O partido nazista ainda é legalizado. Eles tem cadeira no Congresso. Existe todo dia 13 de fevereiro uma marcha nazista, com poucas pessoas. E existe uma marcha anti nazista, que inclusive eu participei, ela tem cerca de 10 vezes mais pessoas. Os nazistas fazem essa demonstração para relembrar o que os Aliados fizeram com a Alemanha na Guerra e manter aquele revanchismo vivo. Agora também tem uma manifestação chamada PEGIDA que também é contrária a entrada de imigrantes, que é relacionado a xenofobia. Do que eu vivenciei acredito que dos preconceitos o que mais tem lá é xenofobia. Agora, demais preconceitos existem, não sei se posso dizer em menor escala, só que não tão explícitos. Por exemplo, Berlim é uma cidade gay friendly total, muito aberta. Bem liberal. Porém, pessoas mais velhas e um pouco do pessoal do leste, ainda tem mais preconceitos, um pouco mais velado.