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  • Foto do escritorLeonardo S. Paduan

ARÁBIA SAUDITA: POR UMA BRASILEIRA E UM BRASILEIRO

Atualizado: 3 de fev. de 2023


A Arábia Saudita (em árabe: السعودية as-Su’ūdiyya) é o próximo na nossa lista dos países na Copa 2018. A Arábia é o país árabe com maior território na Ásia, constituindo a maior parte da Península Arábica. Suas principais cidades são: Riade, a capital; Gidá, principal porto e antiga capital; e Meca e Medina, cidades sagradas do islamismo. O país é dominada pelo Deserto da Arábia e por alguma áreas semi-desérticas. Na verdade, é uma série de desertos conectados e inclui 647 500 km² do Rub' al-Khali (o chamado "Quarteirão Vazio") na parte sul do país, a maior área de deserto de areia contínuo do mundo. Praticamente não há rios ou lagos no país, mas existem muitos uádis (leito seco de rio no qual as águas correm apenas na estação das chuvas)


FOTO de um Uádi

#Pracegover: Foto de um uádi. Rio seco e montanhas pequenas em volta formando um deserto.

Para conhecermos um pouco mais sobre o país, conversamos com dois brasileiros: Saulo Cerqueira, personal trainer, que entre idas e vindas para o Brasil, já contabiliza 3 anos na Arábia Saudita e Carolina Oliveira Provenzano, que já mora a 4 anos e meio no país.

****SUGESTÃO: Escute a playlist do Spotify que montamos da Arábia Saudita (clique Aqui)

POR QUE A ARÁBIA SAUDITA?

Saulo contou que sua ida, na primeira vez, para a Arábia Saudita foi por conta de sua ex-mulher, que na época conseguiu um emprego no país. Morar fora do Brasil começou como um sonho, e depois foi se tornando uma necessidade em função do caos instalado no Rio de Janeiro. A ideia de morar na Arábia Saudita parecia perfeita, justamente, pelo quão diferente os costumes e cultura são comparados com o Brasil. Apenas quando nos mudamos para cá descobri o potencial da Arábia para minha carreira. Isto que me fez querer estabelecer definitivamente por aqui”, contou.


#Pracegover: Foto montagem: Plano de fundo foto da Caaba (pedra quadrangular negra no centro da Foto) com dezenas de pessoas vestidas de branca em volta. Por cima, um filtro com a cor verde e escrito "Arabia Saudita"

Carolina também contou que mudou para o país devido ao trabalho do seu marido. "Mudamos para a Arábia devido à transferência do meu marido. Não sabemos quanto tempo ainda ficaremos aqui. Mas, gostaria de voltar a morar no Brasil", afirmou. Ela também destacou que o saudita tem uma ótima relação com o povo brasileiro. "O saudita gosta do Brasil. Sempre que informamos que somos brasileiros eles abrem um sorriso e abaixam a retaguarda", relatou.

PONTOS POSITIVOS

Além de um mercado economicamente viável, Saulo apontou também a hospitalidade do povo como um fator positivo na Arábia Saudita. “A característica mais marcante da cultura deles, do meu ponto de vista de expatriado, é quanto que eles são hospitaleiros. Todos os meus amigos e clientes fazem questão e não medem esforços para que tudo esteja perfeito na minha vida aqui”, destacou. “Além disso, eles são pessoas bem confiáveis, principalmente quando eles se prontificam a fazer alguma coisa por você. Eles dão muito valor a palavra. Se eles disseram que vão fazer algo, com certeza, vão cumprir”, complementa.

Já, Carolina também aponta pontos positivos na sua experiência vivendo no país. "Gosto da sensação de segurança, possibilidade de conhecer um povo fechado ao resto do mundo e a vida familiar", enumerou.

SER BRASILEIRO AJUDA!

O povo brasileiro, normalmente, é bem vindo em todos os lugares do mundo. Isso não é diferente na Arábia Saudita. Carolina relatou que os saudistas tratam muito bem os brasileiro. "O saudita gosta do Brasil. Sempre que informamos que somos brasileiros eles abrem um sorriso e abaixam a retaguarda. Os sauditas e árabes em geral, são muito preconceituosos aos paquistaneses, indianos e filipinos (a classe trabalhadora – blue collars vêm principalmente destes países)", evidenciou.

CIDADES POR ONDE PASSARAM?

Carolina mora na província Leste da Arábia e já conheceu as seguintes cidades: Al Khobar, Dammam, Dhahran, Jubail, Hofuf, Riade e Jeddah (a cidade que ela mais gostou de visitar. Saulo, mora na capital e viajou pouco pelo país. "Apenas fui para Jeddah, no lado oeste do pais, para conhecer o Mar Vermelho. Gostaria de conhecer ainda, em primeiro lugar, Madain Saleh e Medinah em segundo. Outra cidade muito interessante, Meccah, infelizmente não permite a entrada de quem não é muçulmano. Como custa bem mais barato viajar para os países vizinhos com praia (Egito, Bahrain, Oman, etc), acredito que eu não vá conhecer outras cidades na costa como Jazan ou Dammam", revela.

Saulo também fez uma recomendação. "O que sem dúvida não pode ficar de fora a uma viagem para Arábia Saudita é ir conhecer o deserto, de preferencia indo com os próprios Sauditas", recomendou. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE) destaca que é importante ter em mente que, em desertos, a maioria das estradas pode não estar pavimentada e mesmo rodovias principais podem conter areia na pista, potencializando acidentes. Além disso, pode não haver sinal telefônico nessa região e as temperaturas desérticas impõem riscos adicionais a viajantes que porventura se acidentem na localidade. Por isso, siga a dica do Saulo e vá com os nativos visitar o deserto!


FOTO: Saulo no topo de uma duna de areia no Deserto

#Pracegover FOTO Homem em cima de uma duna de areia apontando para o horizonte, no meio do deserto. Céu sem nenhuma nuvem

ESTRUTURA TURISMO

Ambos apontam que o país ainda não explora muito o turismo, ainda. De acordo com Carolina, as viagens ara Arábia são basicamente restritas para negócios, visitas familiares e religiosa. Saulo afirma que existem projetos do governo para melhorar a estrutura de turismo na Arábia Saudita. "Até o momento a única modalidade de visto de turismo que existe é para a peregrinação de muçulmanos em Meccah e Medinah. Você não consegue visto de turismo para visitar outros lugares, simplesmente não existe. A notícia boa é que o pais está se abrindo cada vez mais, e por questões econômicas eles decidiram criar um visto de turismo que será lançado em breve. Porém, ainda não se sabe os detalhes, como por exemplo, se qualquer pessoa de qualquer pais conseguiria o visto. Além disto, alguns projetos bilionários na área de turismo já foram anunciados, como por exemplo um que vai criar uma estrutura em 50 ilhas no Mar Vermelho. E só esperar que eles ainda vão investir muito e criar muitas opções de turismo por aqui", informou o brasileiro.

ACESSIBILIDADE.

A mesma falta de infraestrutura é apontada por ambos, no que diz respeito a Acessibilidade. "O conceito de acessibilidade se assemelha ao Brasil na década de 80", revelou Carolina.

Saulo: "Infelizmente, nem aqui na capital, existe uma maior preocupação com acessibilidade".

 

ATENÇÃO - O MRE ADVERTE!

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, avaliando os riscos potenciais com relação a infraestrutura, segurança e saúde, recomenda que os cidadãos brasileiros devem viajar à Arábia Saudita com alto grau de cautela. A Embaixada Brasileira recomenda ao cidadão brasileiro que evite se aproximar do contexto de expressões e manifestações de cunho sectário, quando se observam confrontos entre policiais e manifestantes.

O QUE NÃO FAZER POR LÁ?

Os países árabes, devido a forte influência religiosa, tem uma cultura bem diferente dos costumes ocidentais. Por isso, perguntei aos nossos amigos sobre as restrições no país.

Saulo disse: "Qualquer bebida ou produto com álcool são proibidos por aqui, além de carne de porco. Então, para não ter problemas no aeroporto é melhor não trazer tais produtos".

Carolina, além do álcool e carne de porco também lembrou que material pornográfico é proibido no país e fez a seguinte recomendação. "Estes produtos são veemente proibidos no pais, a pessoa que desrespeita esta sujeito à chibatadas e cadeia. É importante também que o turista leia sobre as regras de conduta do país. Por exemplo, existem pias para higiene facial e outras restritas para ablução".

De acordo com a brasileira, existe outra restrição curiosa. "Não se pode tomar banho de mar, apesar das lindas praias, é proibido entrar na água – somente em praias particulares (uma raridade por aqui)."


#Pracegover: Imagem de duas "placas". Na esquerda placa com um círculo vermelho cortado por um traço na diagonal, simbolizando "proibido porco" e outra de proibido bebida alcoólica ao lado (direito)

Vale lembrar também que os mulçumanos rezam 5 vezes por dia e caso as rezas ocorram durante o horário comercial os estabelecimentos fecham as portas para que os funcionários possam ir a mesquita rezar – não é opcional, é obrigatório. Ou seja, se no meio do dia você for em algum estabelecimento e estiver fechado, saiba que provavelmente é por conta disto.

 

CUMPRIMENTO

"As sauditas se cumprimentam com vários beijos na mesma bochecha. Cada beijo é um pedido de benção para um membro da família. Por exemplo, eu sou casada com três filhos, eu receberia pelo menos quatro beijos na minha bochecha direita e cada um seria um pedido de benção. Este pedido é falado, algo como, “que Deus abençoe seu marido”, “que Deus abençoe sua filha” e assim por diante", explicou Carolina.

A brasileira também explicou que os homens quando têm um relacionamento próximo, dão o “beijo de nariz”. "Ambos se aproximam até que o nariz de cada um toque no outro e mexem a cabeça, sutilmente, de um lado para o outro", explicou. O costume de beijos no rosto, as vezes, pode causar situações no mínimo inusitadas, como acontece com Saulo. "Alguns Sauditas, principalmente os que conheço pela primeira vez sem eles saberem que sou brasileiro (eu me pareço um pouco com o pessoal daqui), acabam me cumprimentando com uns beijinhos no rosto, o que é bem desconcertante, não exatamente pelos beijos, mas, pelo fato de eu não saber exatamente o que fazer", conta.

ARÁBIA SAUDITA PARA HOMENS

Os sauditas usam Thob, roupa normalmente branca (ou bege). Saulo aconselha os homens não puxar assunto com mulheres na rua, até entender como são as leis e funcionam as coisas no país. Vale lembrar que não há contato físico entre homens e mulheres. Nem mesmo na hora de se cumprimentarem - não estendem a mão nem se beijam. Já sobre as mulheres, Saulo aconselha que ao chegar no país é melhor já ter uma Abayah (roupa preta que cobre todo o corpo) ou coisa parecida. Se não tiver, nada de decotes ou roupas curtas.


#Praceogver foto de 2 homens com roupa branca (típica árabe) conversando e ao fundo duas mulheres com roupas pretas conversando e mexendo num celular. Foto em Preto e branco

UMA MULHER NA ARÁBIA SAUDITA

Os países árabes/muçulmanos são conhecidos pelas tradições muito conservadoras e machistas. Por isto, fiz algumas perguntas específicas para Carolina sobre o assunto. A brasileira descreve que as mulheres são obrigadas a usar Abayah – vestido preto que cobre todo o corpo menos a cabeça e as mãos. As muçulmanas são obrigadas a cobrir os cabelos. "A maioria das mulheres cobre até o rosto, podendo ver somente os olhos. Existe também uma polícia religiosa, para garantir que as mulheres estão cobertas de forma apropriada, bem como para ver se os estabelecimentos estão fechados no momento da reza", descreve.

MACHISMO

Carolina falou sobre o machismo na sociedade. "Existe muita discriminação com a mulher e não é subentendida – é bem visível. Morei e visitei dezenas de países e posso dizer que, esta é a sociedade mais machista que eu já conheci. Existem lugares que eu não posso entrar por ser uma mulher. Tudo é separado entre área “família” (mulher ou uma mulher acompanhada de um homem) e “solteiros” (homens desacompanhadas de uma mulher). Qualquer área “família” é escondida e coberta. Num café por exemplo, os “solteiros” ficam nas mesas ao ar livre e as “famílias” dentro com as janelas tapadas", informou.

Apesar disto, a brasileira comenta que algumas coisas são diferentes daquilo que ela esperava antes de morar no país. "Moro na província leste – parte do pais com o maior número de estrangeiros, por isso, alguns costumes são mais “frouxos”. Muitas restrições do restante do pais não se aplicam aqui, por exemplo, em cidades do interior, a mulher só pode sair de casa acompanhada do marido, isto não se passa na província leste. Muitas mulheres estrangeiras trabalham em hospitais, escolas ou dentro dos compounds (condomínios fechados – essencialmente para estrangeiros). Eu posso dizer que a minha vida é o oposto do que eu imaginava", conta.

A brasileira também destacou que existem muitos preconceitos na sociedade saudita. "Esta é uma sociedade racista e homofóbica. Homossexualismo é proibido.", lembrou.

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