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Foto do escritorLeonardo S. Paduan

CASAPUEBLO, LA CASA DEL SOL

Atualizado: 27 de jan. de 2023


Um dos pontos turísticos mais visitados no Uruguai é a Casapueblo, localizada em Punta Ballena, próximo de Punta del Este. O lugar é quase que uma parada obrigatória para aqueles que visitam Punta. Casapueblo é a antiga casa de verão do artista plástico e arquiteto uruguaio Carlos Páez Vilaró. Atualmente, o local abriga um museu, uma galeria de arte e um hotel chamado Hotel Casapueblo ou Club Hotel Casapueblo, que fica dentro da estrutura.

#Pracegover Foto de um panel com a imagem da Casapueblo ao fundo. (Grande casa totalmente branca de arquitetura semelhante as de Santorini). Com o artista Carlos Vilaró sentado na frente com um gato no colo e segurando alguns pinceis. Abaixo fotos pequenas da Casapueblo.

MUSEU TALLER No centro da construção monumental. O espaço foi cedido pelo criador, Carlos Paez, com o intuito de incentivar o interesse cultural na região. O artista plástico cedeu grande parte de suas obras realizadas em diversos locais nos últimos 50 anos de sua vida. Nas diversas salas do museu se encontram esculturas e pinturas com referências a jogos, abstrações, animais, bares, tango e mulheres.


#Pracegover: Foto de um quadro do artista Carlos Vilaró. Na obra um sol estilizado e com rosto no centro.

INFORMAÇÕES SOBRE O MUSEU:

A Casapueblo fica bem próximo de Punta del Este, mas para chegar até lá, não é tão fácil. A melhor maneira é se você estiver de carro. Assim, fica tranquilo. Aliás: DICA! Se você pretende viajar pelo Uruguai, alugue um carro. Um país pequeno, com estradas boas é fácil visitar as principais cidades com o carro e sai relativamente em conta. Outra opção é ir de excursão, mas como tudo em Punta, sai um pouco mais caro. Ou de ônibus, porém, não é tão aconselhável, tendo em vista que fica meio fora de mão. Você terá uma boa caminhada do ponto até a Casapueblo.

O Museu é aberto ao público todos os dias do ano. Horário de funcionamento é das 10hs até o por do sol. Custo de entrada para maiores de 12 anos é de $ 240 pesos uruguaios (cotação de hoje 28/12/17 – R$ 27,50) . Mais informações disponíveis no site do próprio Museu: https://carlospaezvilaro.com.uy/nuevo/museo-taller/

ESCULTURA HABITÁVEL

Carlos Vilaró comprou um terreno de frente para o mar no leste da península pitoresca de Punta Ballena, em 1958. Ali, o artista plástico construiu um pequeno chalé de madeira que com o passar dos anos foi ampliado e reformado até se transformar na "Casapueblo”, modelada à mão pelo próprio Vilaró. O local possui estilo semelhante ao das casas da costa mediterrânea de Santorini. Sua arquitetura é cheia de curvas e completamente única.

CURIOSIDADE - A CASA MUITO ENGRAÇADA

Carlos Vilaró era amigo de Vinicius de Moraes, que frequentava muito a Casapueblo. De acordo com o próprio Vilaró, Vinícius costumava a fazer visitas à estrutura, mas sempre que ele chegava via uma casa diferente, já que ela estava em constante construção. Assim, DIZ A LENDA, que a Casapueblo teria servido de inspiração para o compositor brasileiro escrever a "CASA", aquela famosa música que toda criança já cantou. É essa mesma, "era uma casa muito engraçada"... O artista uruguaio teria dito em uma entrevista que Vinicius cantou pela primeira vez a canção lá e teria algumas estrofes diferentes, pois seriam um "presente para as filhas de Carlos". : “Era uma casa muito engraçada, não tinha portas, não tinha nada, era uma casa de pororó, era a casa de Vilaró”.

#Pracegover Foto da Maquete da Casapueblo

CERIMÔNIA DO POR DO SOL

O maior atrativo da Casapueblo acaba por estar fora dela: A VISTA PARA O POR SOL. A "Cerimônia do sol" como é chamada, acontece nas terraças do Museu, no final da tarde, todos os dias do ano, desde 1994. Tornou-se uma atração clássica do lugar e que deve fazer parte da sua BUCKET LIST de viagens. É um momento muito emocionante, onde todas as pessoas param para observar o por do sol, mesmo com muitas pessoas nas terraças é um silêncio quebrado apenas pelo poema do Artista Carlos Vilaró declamado pelo próprio, através de uma gravação.


#Pracegover Foto Por do sol. Ao fundo sol se pondo no final do horizonte (mar), algumas nuvens no céu.

#TBT - Adiós Sol…! Mañana te espero otra vez.

Minha passagem por Punta del Este foi curta, apenas 1 dia. Mas, muito marcante pela visita a CasaPueblo. Fiz um tour com uma empresa local, que me saiu caro, especialmente para um mochileiro. Porém, como tinha pouco tempo foi a melhor opção. Após parar em vários "pontos turísticos" e apresentar várias coisas luxuosas de Punta, chegamos na CasaPueblo. Confesso que não tinha muitas informações nem grandes expectativas sobre o lugar. Além disso, estava preocupado, pois o dia estava nublado seria ruim para ver o "famoso por do sol" do lugar.

Já de dentro do microonibus, lembro de me espantar com a grandiosidade do lugar e sua arquitetura diferente e única. É realmente, algo incrível. E o melhor do penhasco já era possível ver que o céu tinha aberto e seria possível ver o sol. Chegamos no final da tarde, por volta de umas 16h30. Tivemos tempo para visitar as galerias do museu e conhecer um pouco das peças do artista, da história do local. Porém, vou me ater ao por do sol. Que é o que realmente torna a visitação a CasaPueblo incrível.

As terraças vão se enchendo de turistas quanto mais se aproxima do por do sol. Espaço para tirar suas selfies e fotos no lugar. Quando o sol começa a se por, inicia uma gravação com a voz do Carlos Vilaró sobre o Sol. O autor vai agradecendo e se despedindo do Sol que está se pondo, enquanto isso, o astro Rei vai abaixando lentamente, a cor do céu vai mudando e o reflexo dos raios refletem na água e na Casapueblo que agora passa a ter um tom amarelado e não mais branco.

O poema de Vilaró com o espetáculo do Astro Rei se conectam de uma tal maneira que parece que você está dentro de um filme. Um curta metragem perfeito, em que o narrador consegue descrever minuciosamente o protagonista. Enquanto ele, o astro do espetáculo em uma cena simples, quase parada, sem dizer nada, te arranca suspiros e te apaixona. Te encanta completamente, até que some no horizonte, no momento que se cala o narrador. Já inicia a noite, o sol se foi, mas não antes de deixar aquecido seu coração. Um espetáculo emocionante, que te faz querer apertar o botão de voltar na vida, apenas 10 min antes para ver de novo aquela cena. Porém, não precisa porque ela ficou gravada na memória. Além disso, como diz Vilaró em seu poema: "Adiós Sol! Mañana te espero otra vez.", lógico que os encontros não serão tão emocionantes, pois não serão mais na sua casa, pois Casapueblo é a tua casa!


#Pracegover Foto Rosto de Homem na frente da fachada da Casapueblo. Homem olhando para o Horizonte.

Por fim, segue o poema do Carlos Vilaró sobre o Sol. Está em espanhol, assim como é declamado na Casapueblo. Se caso você não goste de SPOILER de viagens, não leia e deixe a surpresa e emoção para hora. Porém, acho que não tem como se emocionar de qualquer jeito! Tchau leitor, te vejo na próxima! ;)

Poema em Espanhol:

“Hola Sol …! Otra vez sin anunciarte llegas a visitarnos. Otra vez en tu larga caminata desde el comienzo de la vida.Hola Sol…! Con tu panza cargada de oro hirviendo para repartirlo generoso por villas y caseríos, capillas campesinas, valles, bosques, ríos o pueblitos olvidados.Hola Sol…! Nadie ignora que perteneces a todos, peroque prefieres dar tu calor a los más necesitados, los que precisan de tu luz para iluminar sus casitas de chapa, los que reciben de tí la energía para afrontar el trabajo, los que piden a Dios que nunca les faltes, para enriquecer sus plantíos, y lograr sus cosechas.

Es que vos, Sol, sos el pan dorado de la mesa de los pobres. Desde mis terrazas te veo llegar cada tarde como un aro de fuego rodando a través de los años, puntual, infaltable, animando mi filosofíadesde el día que soñé con levantar Casapueblo y puse entre las rocas mi primer ladrillo.Recuerdo que era un día inflamado de tormenta, el mar había sustituido el azul por un color grisáceo empavonado, en el horizonte un velero escorado afinaba el rumbo para saltear la tempestad, el cielo se llenaba de graznidos de cuervos en huida, la sierra se peinaba con la ventolera alborotando a la comadreja y al conejo.

Pero de golpe como un anuncio sobrenatural el cielo se perforó y apareciste vos. Eras un sol nítido y redondo, perfecto y delineado, puesto sobre el escenario de mi iniciación con la fuerza sagrada de un vitreaux de iglesia. Desde ese instante sentí que Dios habitaba en ti, que en tu fragua derretía la fe y que por medio de tus rayos la transmitía por todos los sitios donde transitabas. Los mismos brazos de oro que al desperezarte iluminan el cielo, al estirarse a los costados entibian las sierras, o apuntando haciaabajo laminan el mar.

Hola Sol…! Cómo me gustaría haber compartido tu largo trayecto regalando luz, porque a tu paso acariciaste la vida de mil pueblos, compartiste sus alegrías y tristezas, conociste la guerra y la paz, impulsastela oración y el trabajo, acompañaste la libertad e hiciste menos dura la oscuridad de los presidios.A tu paso sol, se adormecen los lagartos, despiertan los girasoles y los gallos cacarean. Se relamen los gatos vagabundos, los perrosguitarrean, y el topo se encandila al salir de la cueva. A tu paso sol, hay sudor en la frente del obrero y en los cuerpos de las mujeres cobrizas que alcanzan el cántaro de la favela. Con tus latidos conmueves el mar, das música a la siembra, la usina y el mercado.A tu paso corrieron en estampida búfalos y antílopes, desperezó el león, se asombró la jirafa, se deslizó la serpiente y voló la mariposa. A tu paso cantó la calandria, despegó el aguilucho, despertó el murciélago y emigró el albatros.

Hola Sol…! Gracias por volver a animar mi vida de artista. Porque hiciste menos sola mi soledad. Es que me he acostumbrado a tu compañía y si no te tengo, te busco por donde quiera que estés. Por eso te reencontré en la Polinesia, cuando te coronaron rey de los archipiélagos de nácar y los arrecifes dentellados de coral, o también en Africa, cuando dabas impulso a sus revoluciones libertarias y te reflejabas en el espejo de sus escudos tribales para inyectarles coraje. Te estoy mirando y veo que no has cambiado, que sos el mismo sol que reverenciaron los aztecas, el mismo de mi peregrinaje pintando por América, el que envolvió la Amazoniamisteriosa y secreta, el que me alumbró los caminos al Machupichu sagrado del Perú, el de los valles patagónicos o los territorios del Sioux o del comanche. El mismo sol que me llevó a Borneo, Sumatra, Bali, las islas musicales o losquemantes arenales del Sahara.A diferencia del relámpago que apenas proyecta en la noche latigazos de luz, desde tu reinado planetario, tus destellos continúan activos, permanentes.Alguna vez la travesura de las nubes oculta tu esplendor, pero cuando ello ocurre, sabemos que estás ahí, jugando a las escondidas. Otras veces, en cambio, te vemos sonreír cuando las golondrinas o las gaviotas te usan de papel para escribir las frases de su vuelo.Gracias Sol, por invadir la intimidad de mi atardecer y zambullirte en mis aguas.Ahora serás la luz de los peces y su secreto universo submarino. También de los fantasmas que habitan en el vientre de los barcos hundidos en trágicos naufragios.

Gracias Sol…! Por regalarnos esta ceremonia amarilla. Gracias por dejar mis paredes blancasimpregnadas de tu fosforescencia. Entre ventoleras y borrascas, cruzando ciclones y tempestades, lluvias o tornados, pudiste llegar hasta aquí para irte silenciosamente frente a nuestros ojos.Porque tu misión es partir a iluminarotros sitios. Labradores, estibadores, pescadores te esperan en otras regiones donde la noche desaparecerá con tu llegada.Y como respondiendo a un timbre mágico despertarás las ciudades, irás junto a los niños a la escuela, pondrás en vuelo la felicidad de los pájaros, llamarás a misa.A tu llegada, se animará el andamio con sus obreros, cantarán los pregoneros en las ferias, la orilla del río se llenará de lavanderas y entrará la alegría por la banderola de los hospitales.

Chau Sol…! Cuando en un instante te vayas del todo, morirá la tarde. La nostalgia se apoderará de mí y la oscuridad entrará en Casapueblo. La oscuridad, con su apetito insaciable penetrando por debajo de mis puertas, através de las ventanas o por cuanta rendija encuentre para filtrarse en mi atelier, abriéndole cancha a las mariposas nocturnas. Chau Sol…! Te quiero mucho…Cuando era niño quería alcanzarte con mi barrilete. Ahora que soy viejo, sólo me resigno a saludarte mientras la tarde bosteza por tu boca de mimbre.

Chau Sol…! Gracias por provocarnos una lágrima, al pensar que iluminaste también la vida de nuestros abuelos, de nuestros padres y la de todos los seres queridos que ya no están junto a nosotros, pero que te siguen disfrutando desde otra altura.Adiós Sol…! Mañana te espero otra vez. Casapueblo es tu casa, por eso todos la llaman la casa del sol. El sol de mi vida de artista. El sol de misoledad. Es que me siento millonario en soles, que guardo en la alcancía del horizonte.”

#Pracegover Foto da Fachada da CasaPueblo com tonalidade amarelada devido aos reflexos do por do sol.

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