Seis horas e cinquenta e quatro minutos, acordo minutos antes do despertador tocar, como sempre. É segunda feira, começa uma semana nova. Mas será que é nova mesma? Tudo parece estar no mesmo lugar. Meu uniforme do serviço separado, a mesma cor das paredes do quarto, meus livros na estante com o marca páginas no mesmo lugar. Tudo dentro de uma normalidade. Levanto, vou ao banheiro, escovo os dentes e jogo uma água na cara, na tentativa de acordar. “Acordo”, mas algo continua dormente, no modo de stand by no meio dessa continuidade contínua cotidiana.
Visto meu uniforme, pego as chaves do carro, saio de casa às sete horas e vinte minutos, tudo normal, como sempre. O mesmo percurso até o trabalho, as mesmas ruas, a mesma paisagem, até os mesmos carros, os mesmos motoristas e passageiros, parece que nada é orgânico, tudo programado. Entro no trabalho e também em um estado de transe, submerso no mundo de produção, e-mails, metas, etc. Quase quatro horas depois, de novo, faço o caminho inverso do início do dia. Volto pra casa, o mesmo caminho, pelas mesmas ruas, os mesmos motoristas e passageiros, tudo programado, mecanizado. Hora do almoço. O que teremos para comer? Não importa muito, como e tiro um tempo para um cochilo. Assim, como na sexta, quinta, quarta, terça e segunda passada, a única diferença é que um dia teve macarrão, e no outro omelete para comer. Acordo, alguns minutos antes do meu despertador tocar e volto ao trabalho. Através daquele velho e conhecido caminho.
Mais quatro horas no mundo de gente grande, e-mails, metas, produção... 18 horas, volto para casa, automaticamente, os pés já conhecem o caminho, o corpo apenas segue, sem questionar ou reclamar. Jantar, banho, televisão, Facebook, talvez um livro ou uma série para terminar o dia. E assim segue a terça, a quarta, a quinta, a sexta. Até chegar no sábado e entrar em um mundo paralelo, aonde me desligo do mundo mecânico.
Meus passos não tem direção, o despertador nem é programado, a vida torna-se um pouco mais orgânica. Estou liberto, uma liberdade sancionada e que acaba com a música de abertura do Fantástico, quando lembro que tenho que programar de novo o despertador, separar o uniforme e me preparo para dormir... E assim vai...
Seis horas e cinqüenta e quatro minutos, acordo minutos antes do despertador tocar,...
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